Olá, Bem Vindo ao Cenas, Cenários & Senões

Publico aqui textos de observação do cotidiano na forma de crônicas e contos.

sábado, 28 de março de 2009

VAGA

Um vocábulo me persegue. Já aconteceu com você? Por toda a parte lá está a palavra, fica girando na cabeça até parar no meio da página de um livro ou explodir na voz noturna do William Bonner.

No caso aqui a palavra é vaga, sim a própria V – A – G - A, o que denota espaço a ser ocupado, acaba ocupando todo o espaço possível em minha mente. Começo a pensar sobre esta determinada palavrinha que nada diz e para tudo é usada.

Vaga é para preencher ocupar, procurar, estacionar. Vaga é a idéia, a forma, o conteúdo, a surpresa, a impressão.

As vagas são raras. No vestibular, na fila, no shopping, tem até aqueles que comercializam: “Aluga-se vagas para rapazes” e os que abusam “Ah, Dona! Me ajuda que ajudo a achar vaga!”.

São cobiçadas estas vagas, tem milhões e milhões em busca, o governo retém e legisla: “As vagas existem, mas não foram preenchidas”. Procurou emprego e não achou, é vagabundo. Falou sem conteúdo, foi vago e por aí vai uma vaga idéia do que acontecem com as vagas.

Vaga também pelo espaço a nave lançada com orgulho e, no telescópio, observamos envaidecidos aquele minúsculo pontinho cintilante do tamanho de um vaga-lume.

Vaga se conquista. Na copa, ufa! Nas olimpíadas, na areia lotada de Copacabana. Nas delegacias não há mais vagas. Nas janelas, nas vitrines, nas portas, nas obras, tabuletas informam se há vagas.

“E com uma proposta vaga o Congresso Nacional decide...” e o que vem depois não se tem a mais vaga noção!

O corretor mostra a vista maravilhosa do apartamento enquanto o casal pergunta: “Quantas vagas?” Na capa a revista semanal anuncia cadeira vaga na Academia Brasileira de Letras, o jornal complementa questionando o destino da vaga.

As vagas são temporárias vem e vão com o Natal, Páscoa e verão. Nos consultórios a hora vaga é prejuízo, na sala de aula, felicidade da moçada. Vagas são populares, atraem multidões, formam fila, se comemora o aumento e a queda.

Ter vaga pode ser bom ou ruim, a vaga está lá, do tamanho da carência, atendendo expectativas com o vazio da própria voz.

E nas horas vagas, cansados entre vagas já preenchidas, procuramos uma vaga lembrança, com olhar vago uma vaga em algum coração.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Coisas de Casal II

Estavam em lua de mel, o casamento tradicional na igreja fora no sábado, viajaram no domingo, vindos do Ibi...alguma coisa, no interior da Bahia. Viajaram quarenta e cinco quilômetros para a esta distância passarem a inédita experiência da lua de me em um lugarejo no litoral tiraram foto do mar e d barco e ela dele e ele dela, para registrarem aquele inesquecível momento.

Ele o noivo, cuidadoso contratou um guia que os levaria por um preço abusivo a paria ao lado aonde tinha o mar, o sol, uma barraca de coco e nada mais. Lá foram eles entusiasmados no barco aonde o guia contava a todos, inverossímeis histórias da fundação da cidade e da miraculosa argila que faria a todos rejuvenescerem. Ra imperdível por apenas uma outra abusiva quantia poderiam se lambuzar com aquela coisa nojenta e ela tirou fotos dele e ele dela e se deliciaram com as caras pintadas no clima dos casais

Lá pelas tantas o incrível guia que continuava a ilustrar o passeio com a sabedoria nativa informou que poderiam por um abusivo preço não incluído degustar o maravilhoso peixe local, diferente de tudo o que já tinham visto e ainda como cortesia pela lua de mel a sobremesa seria por conta da casa. Sorridente, o casal prontamente assentiu, encantado com a incrível oportunidade e acompanhados pelas moscas nativas brindaram ela com um coco, ele com uma cervejinha, aquela experiência inesquecível e ela fotografou ele e ele a ela e se deliciaram com o pf com molho nativo, no clima dos casais.

Mas o melhor ainda estava por vir: A sobremesa cortesia!Parecia mesmo encomendada para a ocasião, eram morangos.

Ao que se sabe nem o guia tinha uma inverossímil explicação para a aparição da romântica fruta na Bahia dos cajus, cajás e graviolas. Turista alguma, gringos em especial achariam interessante, mas eles adoraram afinal, ele o noivo nunca havia visto e muito menos provado aquela vermelha delícia e a lua de mel estava perfeita com mais esta inédita experiência.